A vida que eu queria: 20o lugar no Campeonato mundial de Corrida de aventura - ARWC - Huairasinchi Equador 2014


Alguns amigos já ouviram e participaram de vários trechos dessas histórias. Todos sabem que sempre gostei de aventuras e devo muito aos meus pais. Não é para menos, afinal, fui gerado dentro de uma barraca, ao lado da cachoeira do Corumbá-GO. Com um mês e meio de vida já estava acampando nas areias do rio Araguaia. Aos seis meses, saímos de Brasília para Salvador numa Brasília: quatro adultos e dois bebes. Ficamos um mês acampando nas praias da Bahia – e por ai vai... Minha mãe sempre disse que sofro a síndrome do super-homem: a partir dos oito meses me jogava do berço e tinha vários hematomas, a solução foi colocar o colchão embaixo do berço; aos dois anos fui salvo no último instante de um salto do sexto andar, com minha toalha amarrada no pescoço e a sunga vermelha sobre o moletom azul. Realmente falta um, ou mais, parafusos.
Sempre fui apaixonado por esportes. Nadei por nove anos, pratiquei karate, judô e passei muitos e muitos anos na febre do Futebol. Jogava pelada Todos dos dias, assistia todos os jogos e fui até a Alemanha assistir a Copa do Mundo. Hoje, quando me chamam para jogar, digo que evito esportes extremamente radicais. A equitação foi droga pesada, foram treze anos, treinando todos os dias, menos os períodos que estava de molho por algum osso quebrado. Vício!
Dentro desse período, depois de ser reprovado no vestibular para veterinária, escolhi cursar Geologia porque um amigo me contou que haviam muitas cachoeiras nos lugares de trabalho. Sempre fui avesso a rotina. Durante a faculdade, perguntei para um calouro cabeludo que chegava numa Bike invocada como era a tal da Corrida de Aventura, e ele me informou de uma competição chamada EcoChallenge (provas acima de 600 km, o mundial da década de 90), que eu imaginava que apenas super-heróis participavam. Em 2001 fiquei sabendo de uma corrida chamada EcoUrb, dentro de Brasília, mesclando corrida, Bike, patins, canoa polinésia e orientação (era liberado usar gps e pegar ônibus). Chamei uns amigos e, sem experiência, terminamos em 3º lugar. Por vários motivos a brincadeira não foi pra frente, naquela época .
Ao terminar a graduação e ter uma grande frustração com o hipismo, comecei a me aventurar trabalhando com geofísica: pelo interior do Brasil, do sul a Amazônia; e pelo mundo, Canada, EUA, África, Europa, Patagônia. Além de estudar as propriedades físicas das rochas e um pouco de turismo, acabei me tornando mais sensível com o meio ambiente e os povos que viviam nestes diversos lugares que visitei. Enfim, aventura estava pulsando dentro de mim, mas ainda não me sentia realizado.
Terminei o mestrado em Geofísica, afastei-me do mato e, em 2009, após um período etílico, já morando no Rio, encontrei a adrenalina que estava faltando. Fui apresentado ao Rico (Ricardo Fontes Macedo) e ao Tuca, com eles corri a Ecomaverick de 40 km, uma divertida prova de aventura que ainda acontece no Rio, ficando em terceiro lugar. Dois meses depois, participei de uma na categoria pro, de 80km, repetindo o resultado. Foi inesquecível, eu estava orgulhoso por perceber que era capaz de fazer meu corpo percorrer distâncias antes inimagináveis e, logo após a corrida, o Rico me convidou para correr o Brasil Wild Extreme, no Jalapão. Aceitei sem pensar, quando cheguei em casa fui digitar no google para saber o que era o tal BW e descobri que a prova tinha 480km!!! Nunca. Impossível! Liguei na mesma hora e falei “você tá louco?” com muita lábia ele e o Pietro Carlo me persuadiram, não sei como até hoje... Três meses depois e muito treino, lá estava eu e Rico em Palmas, 2 dias antes da largada a ansiedade e o nervosismo bombando e, ainda por cima, virei a noite estudando os mapas – o que me fez bater o carro do amigo que nos hospedava. 
Apesar de uma semana de logística, largamos e tudo o que tinha que dar errado deu. Eu não fazia ideia do que estava fazendo ali e tão pouco conseguia entender bem o mapa. No entanto, o Rico cismava em confiar em mim – louco. Sobrevivemos, com direito a choro na chegada e os pês desfigurados, oito unhas a menos, disse para mim mesmo “nunca mais faço essa merda”. Ledo engano, o efeito foi contrario. Percebi que a depressão que sentia pós prova, era apenas aquele silêncio que a verdadeira felicidade provoca na alma – encontrei o que faltava na minha vida. Na véspera da largada do BW encontrei o calouro cabeludo da geologia (Guilherme Pahl), de quem eu já era fã. Ele, de maneira simples, resumiu o espirito da CV: “Eu demorei a oferecer ajuda, demorei mais ainda a aceitar ajuda, mas difícil mesmo foi aprender a pedir ajuda”. Você pode ser o mais forte corredor de aventura do mundo, um dia precisará de seu parceiro, trabalho em equipe – como a vida. 
Alguns anos se passaram, sete provas longas, sendo quatro Ecomotions, varias provas curtas, lugares inesquecíveis e um pouco mais de experiência... O mais importante, grandes amigos, amigos de verdade!
Foram muitos treinos, dedicação, poucas horas de sono, renúncia e todo esse blá, blá blá. Como diz meu irmão Lucas Lucas Sauro Maravalhas, “você tem o dom de entrar em roubadas”. Dessa vez estou indo para a maior de todas. Não imaginava que esse sonho chegaria tão cedo. O menino super-homem não tem mais o colchão embaixo do berço para amparar a queda. No entanto, estou indo viver meu sonho, competir a épica final do Campeonato Mundial de Corrida de Aventura, mais de 710 km, com montanhas que ultrapassam quatro mil metros de altitude. Se vou completar? Não sei. Mas como sempre vou voar pelos meus sonhos! 
Gostaria de agradecer ao nosso patrocinador Euder (Advogado Aventureiro) e a Farmácia Essencial Rosangela Koslyk Essencial#farmaciaessencial pelos suplementos. Ao apoio do Marcão Marcos Vinicios e seu mecânico Leo Leandro Soares, da Cycling Bike Club #cyclingbikeclub. Ao JK Juscelino Castro Blasczyk da fisioterapia Inovar #fisioterapiainovar, a nutricionista Isis Moreira Isis Moreira, aos professores da Runway: Vinicius Vinícius Pereira (Bike e musculação), Thamires Thamires Fontenele (Bike e funcional) e Tiago Tiago Ferreira N'Vulakenan (yoga e Pilates). A Jéssica Jéssica Natália pelo carinho e apoio logístico, meus companheiros Pedro Lavinas Enrico FavillaLuciano FavillaLeandro Vilar Tati iron Barbara Bomfim da Caliandra Multsport #caliandramultisport, a galera do Torresmo Ride #torresmoride, e, sobretudo, a Oficina Multisport #oficinamultisport, meus parceiros de treino. Aos atletas Harpya que não puderam estar comigo nessa ( Fausto Silva,Hugo Araujo e Juliana Lemes Fernandes ) e aos amigos que me incentivam. Um agradecimento especial aos meus pais e irmãos que sempre me apoiam incondicionalmente. Ao Gui e a Cami Camila Nicolau, por seus os ensinamentos. E, finalmente, aos meus companheiros de Equipe Pedro Alex Viana, Paula Barros eMagno Pierre Magneto que embarcaram nessa épica Aventura comigo.



Aclimatação

Cerimonia de abertura

 Largada





 3o Perna de Bike - >170km
     Ultimo trekking 
Chegada


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